Ética: temos uma chance de ouro daqui por diante

Um estudo publicado em janeiro deste ano pela entidade Transparência Internacional, que espelha a percepção de corrupção que pessoas do mundo todo têm sobre uma lista de 176 países, apontou uma queda significativa do posicionamento do Brasil nos últimos cinco anos. Neste Ranking da Corrupção, o país terminou 2016 em 79º lugar.  No restante da América Latina, os piores classificados são Venezuela (166º) e México (123º), enquanto os mais bem avaliados são o Uruguai (21º) e o Chile (24º). É neste contexto, que a integridade e a ética profissional transcendem a teoria e ganham importância prática.

Um outro estudo global sobre corrupção, publicado pela Ernst & Young (EY), em 2016, também trouxe dados importantes para quem investe sua vida no Brasil. Apontou que 90% dos executivos brasileiros entendem que corrupção não acontece de forma isolada no país. Ainda nesta análise, 18% dos executivos também reconheceram a existência de improbidade e desvios de ética nos segmentos onde atuam. Segundo esse ranking, somos os primeiros da lista.

Ranking da Transparência Internacional

O estudo da Transparência Internacional coleta dados de diversas fontes que fornecem percepções quantificadas e de instituições confiáveis, sobre como empresários, peritos e especialistas enxergam o nível de corrupção e ética no setor público. Estas fontes realizam a pesquisa dos dados regularmente, o que possibilita ter acompanhamento consistente da evolução da transparência nos países.

No ranking de 2016, o estudo considerou 13 pesquisas diferentes realizadas por 12 instituições nos últimos dois anos:

  • ● African Development Bank Governance Ratings (2015)
  • ● Bertelsmann Foundation Sustainable Governance Indicators (2016)
  • ● Bertelsmann Foundation Transformation Index (2016)
  • ● Economist Intelligence Unit Country Risk Ratings (2016)
  • ● Freedom House Nations in Transit (2016)
  • ● Global Insight Country Risk Ratings (2015)
  • ● IMD World Competitiveness Yearbook (2016)
  • ● Political and Economic Risk Consultancy Asian Intelligence (2016)
  • ● Political Risk Services International Country Risk Guide (2016)
  • ● World Bank – Country Policy and Institutional Assessment (2015)
  • ● World Economic Forum Executive Opinion Survey – EOS (2016)
  • ● World Justice Project Rule of Law Index (2016)
  • ● Varieties of Democracy (VDEM) Project (2016)

 

Integridade, ética profissional e oportunidades para o profissional brasileiro

Apesar de esperado, o resultado, assim, publicado em uma pesquisa de alcance internacional, é assustador. Por outro lado, reflete os últimos acontecimentos do país. Aumentamos significativamente a consciência sobre o que é errado e a compreensão da ética como valor fundamental das relações.

Por este motivo, acredito que insistir na divulgação de princípios éticos, em toda oportunidade, é importante. Na rua e com nossos amigos, não só com possíveis parceiros de negócio.

Como sonhar e realizar projetos em um ambiente onde não se sabe qual será o comportamento do seu “colega de trabalho”? Se o ser humano é um ser coletivo, confiar um no outro é fator crítico para que nos sintamos seguros, bem e confortáveis na realização dos nossos sonhos.

Vamos transformar a consciência, que já temos, em ação!

Penso que o resultado não estará restrito ao campo político e de negócios. É uma melhor vida para cada um de nós que temos a oportunidade de construir.

Os últimos acontecimentos políticos e econômicos estão motivando a revisão das atitudes do brasileiro e das antigas formas de se relacionar e fazer negócios no país. O mundo já percebeu esta mudança, o que pode ser notado pela volta dos investimentos diretos e crescimento do mercado de capitais nos primeiros meses de 2017.

No cenário que está sendo construído, terá vantagem o profissional que compreender e adotar as regras deste “novo jogo” nas suas atividades e na sua carreira. Nesse novo mercado, transparência, ética, compromisso com os colegas, conformidade com empregados, clientes, fornecedores e meio ambiente não serão mais discricionários.

E você, já descobriu como embarcar nessa transição?

Fontes:

Corruption Perceptions Index 2016. Estudo publicado pela Transparência Internacional em Janeiro de 2017: http://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016

Corporate misconduct – individual consequences: Global enforcement focuses the spotlight on executive integrity. Pesquisa da EY (2016): http://www.ey.com/gl/en/services/assurance/fraud-investigation—dispute-services/ey-global-fraud-survey-2016

Valor levantado no mercado de capitais mais do que dobra no 1º tri – Valor Econômico, 10/04/2017: http://www.valor.com.br/financas/4933582/valor-levantado-no-mercado-de-capitais-mais-do-que-dobra-no-1-tri

Sobre o autor:

Gustavo Lens Minarelli – Diretor de Inovação e Desenvolvimento de Negócios Globais da Lens & Minarelli e Career Partners International – Brasil. Professor e palestrante nos assuntos de Governança, Gestão de Riscos e Conformidade, dedica sua carreira ao desenvolvimento de lideranças, serviços e maximização de resultados durante períodos de transição. É professor convidado de Gestão da DM Business School e realiza trabalho voluntário no PMI São Paulo. Realizou projetos para mais de 20 das maiores empresas do país (Exame), Gerente pela Deloitte, Capgemini Consulting, Módulo Security e Consultor pela Hewlett Packard. É Graduado em Engenharia Elétrica de Telecomunicações pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) e pós-graduado, MBA em Marketing pela ESPM.